quarta-feira, 19 de setembro de 2012

ARTE GRECO-ROMANA (Scala)

E cá voltei. Desta vez não venho com nenhum tratado ou obra literária e sim com algo que, a meu ver, acho útil enquanto complemento para estas leituras, uma vez que também é uma evidência do sentido de estética das civilizações grega e romana e também do contexto artístico em que as obras foram escritas (nada vive sem o seu contexto).
Este já não é o primeiro livro de arte que exponho aqui. Houve um anterior, chamado "Arte Romana", da autoria de Pierre Grimal, mas esse é de História da Arte. Este que apresento agora não deve ser visto como um livro de História da Arte e sim mais como um "catálogo" de arte, uma vez que assenta basicamente em imagens por página com a respectiva legenda. As imagens estão divididas pelas épocas correspondentes, que têm uma breve apresentação na página introdutória de cada uma. Vem também em quatro idiomas: Português, Espanhol, Italiano e Inglês.
É assim, não é por ter imagens e praticamente nenhum texto que esta "colectânea" artística é menos útil que o livro de Pierre Grimal: de facto, este tem o que o livro de História da Arte não tem, que são precisamente elementos visuais e isso foi também uma das coisas que não gostei muito no outro livro. Não que eu seja adepta da ideia de que os livros têm que ter necessariamente ilustrações, mas quer dizer, era um livro de História da Arte e estão-nos a falar de arte sem exemplos para aquilo que descrevem, é como ler um livro sobre pintura e não ver nenhum quadro. Assim, creio que este livro e o outro se complementam bastante bem, uma vez que o segundo é muito detalhado a nível de texto e este visualmente. 
Apesar de não ser um livro essencial, considero que talvez seja uma boa aquisição mais enquanto "documento histórico" ou "testemunho visual" para quem se interessa pela arte e a sua História ou por civilizações antigas; isto porque muito do que é uma civilização hoje e ontem passa pelo que reflecte nas suas manifestações artísticas.

domingo, 16 de setembro de 2012

"CATEGORIAS", por Aristóteles

Boa noite a todos! Já vai algum tempo, cinco meses, para ser mais exacta, desde a minha última visita, mas por motivos académicos os meses de Junho e Julho revelaram-se impossíveis para ler livros novos. Ainda assim consegui ler quatro, mas depois faltava a tarefa de os estudar/analisar e para isso eu não conseguia mesmo. Também não posso prometer que consiga ter a mesma pedalada que tive durante o primeiro ano de vida deste blogue; a partir deste ano terei o tempo mais apertado, bem como as finanças, que não estão boas para ninguém e os livros compram-se. Contudo, espero conseguir pelo menos ler um livro por semana.
Para abrir este segundo ano na "blogosfera" escolho um dos quatro livros que li em Junho e que ficou até agora pacientemente na minha estante à espera que chegasse a vez dele de entrar aqui na ribalta. é ele o primeiro de um conjunto de cinco tratados de lógica aristotélica que dá pelo nome de Organon:"Categorias" (e agora é a parte em que dou voltas na cabeça a tentar relembrar algo que li em finais de Maio já).
Como disse, do conjunto dos Organa (usei o termo "Organa" porque é o plural de "Organon" e atrás referia-me ao conjunto, logo singular e agora aos livros, plural), as "Categorias" ocupam o primeiro lugar e vários são os estudiosos que defendem que é pelo estudo das "Categorias" que se deve introduzir a lógica aristotélica. O que é facto é que esta obra, efectivamente, exerceu uma grande influência em toda a história da Filosofia e ainda hoje é um dos seus maiores clássicos. Esta obra encontra-se num único livro e está dividida por quinze capítulos, sendo que de vários deles são apenas os fragmentos que chegaram até nós. Os primeiros três capítulos ainda não expõem o propósito da obra em si, pois Aristóteles começa por explicar certos conceitos sem os quais o leitor perder-se-ia na certa. Só a partir do capítulo quarto (capítulo charneira, na minha opinião) é que é apresentada a lista das dez categorias, que são: substância, quantidade, qualidade, relação, lugar, tempo, posição, posse, acção e paixão. Os capítulos seguintes são, portanto, a análise de cada uma delas.
Em toda a obra (como é característico as obras de Aristóteles) o método de investigação utilizado é o dialéctico, ou seja, é um método que toma como ponto de partida opiniões ou crenças comuns pois, segundo Aristóteles, o senso comum, quer queiramos quer não e conquanto todos os seus defeitos, ainda é a base para o nosso início no acto de conhecer e por isso só a partir dele e da sua análise se efectuam novos conhecimentos. Outra característica desta obra é o recurso à indução: esta é uma forma de argumento dialéctico que parte do particular para o universal, pois as coisas particulares são as que se encontram mais próximas da nossa experiência e, portanto, mais facilmente são apreendidas pelo senso comum. 
Não é difícil de ler nem de perceber: o método de escrita é muito semelhante ao da "Poética" do mesmo autor e é bastante conciso. Contudo claro que tem alguns preciosismos, sobretudo a nível de sintaxe, que podem tornar algumas frases mais confusas de entender, mas isso normalmente os livros de conhecimento antigo o têm. Ainda assim, não deve ser lido de uma forma de texto corrido como a "Poética", que já permite esse tipo de leitura. Se a "Poética" é essencialmente um tratado de estética, as "Categorias" são um tratado de lógica e como tal não devem ser simplesmente lidas e sim entendidas. Contudo, a respeito disso creio que vou abrir um blogue à semelhança do que fiz para com o "Tratado da Política" e da "Poética" de Aristóteles, do "Isagoge" de Porfírio e "Da Natureza" de Parménides de Eleia para expor o meu resumo das ideias-base das "Categorias": afinal nem todos nós temos disponibilidade para estudos autónomos e, tendo em conta que a maioria das obras de Aristóteles mais não são que compilações de informação que ele cedia aos alunos por aulas (quase como apontamentos), creio que ele não se importaria que elas continuassem acessíveis a quem se interessar.
Cá espero estar de novo para a semana, ou mais cedo, se assim o puder. Continuação de uma óptima noite!