terça-feira, 26 de novembro de 2013

HISTÓRIA DA FILOSOFIA, por Nicola Abbagnano

Não; isto não é apenas mais um livro.
Literalmente. São vários. Uma História da Filosofia em vários volumes . E isto apesar de eu ainda só ter adquirido os primeiros dois, que são os que me dão mais serventia neste momento, pois são os que se referem à Filosofia Antiga.
Uma coisa que louvo neste projecto já relativamente antigo (os exemplares que tenho arranjei-os num alfarrabista e são da segunda edição de 1963) é o facto de, no entender do autor, a Filosofia ainda ser uma área para muitos associada a algo de que determinadas "elites" se conseguem ou podem ocupar quando, na verdade, a Filosofia e o Homem caminham de braço dado. Assim, numa obra em vários fascículos, com um texto claro e simples, Abbagnano tomou a tarefa de educar os leitores no que ele considerou serem as "bases" do trabalho filosófico ao longo dos tempos. O livro dá também muito ênfase ao elemento humano, ou seja, à existência dos pensadores enquanto homens, aproximando-os mais de nós e dando a entender que a Filosofia é comum a todos nós e faz parte da nossa condição humana (confesso que estes volumes me têm dado ajuda a completar as informações para o blogue Biblionet - BIO com as breves referências biográficas que apresenta).
Aos que se demonstrarem interessados em algo mais que os dois primeiros volumes e para não procurarem às cegas, passo aqui uma lista com os temas abordados em cada um dos catorze volumes que fazem parte desta grande obra pedagógica:

VOL.1: Escola Jónica, Escola Pitagórica, Escola Eleática, Empédocles, Anaxágoras, Os Atomistas, A Sofística, Sócrates, Platão, Aristóteles
VOL.2: Escola Peripatética, Estoicismo, Epicurismo, Cepticismo, Ecletismo, Neoplatonismo, Patrística, S. Agostinho
VOL.3: Filosofia Escolástica, Anselmo de Aosta, Abelardo, Escola de Chartres, Misticismo, Filosofia Árabe e Judaica
VOL.4: Alberto Magno, Tomás de Aquino, Averroísmo Latino, Duns Escoto, Guilherme de Occam, Misticismo Alemão
VOL.5: Renascimento e Humanismo, Renascimento e Política, Renascimento e Reforma, Origens da Ciência
VOL.6: Filosofia Moderna, Descartes, Hobbes, Pascal, Espinoza
VOL.7: Berkeley, Hume, O Iluminismo Inglês/Francês/Italiano/Alemão, Kant
VOL.8: Filosofia do Romantismo, Fichte, Schelling, Hegel, Schopenhauer
VOL9: Fichte, Schelling, Hegel, Schopenhauer, A Polémica contra o Idealismo
VOL.10: Kierkegaard, Marx, O Retorno Romântico à Tradição, O Positivismo Social
VOL.11: O Positivismo Evolucionista, Nietzsche, O Espiritualismo, A Filosofia da Acção
VOL.12: Bergson, O Idealismo Anglo-Americano e Italiano, O Neocriticismo, O Historicismo
VOL.13: Pragmatismo/Realismo/Naturalismo, A Filosofia das Ciências, Bertrand Russel
VOL.14: Fenomenologia, Existencialismo, Teoria da Informação e Cibernética, Estruturalismo, Utopia Negativa

Não sei se ao longo dos anos não terá saído mais algum volume; se sim peço desculpa por não o contemplar, mas o facto é que a edição que tenho já não é nova. Tão pouco sei se a ordenação dos volumes se mantém a mesma ou se os tópicos terão sido reorganizados quem sabe em menos volumes, mas maiores. De qualquer forma fica a referência à(s) obra(s) que, a meu ver, é um anexo essencial para os estudantes de Filosofia e para aqueles que, não sendo estudantes, a estudam de outra maneira.
Isto porque não; isto não é apenas mais um livro. Literalmente. E metaforicamente falando.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

OS FILÓSOFOS PRÉ-SOCRÁTICOS

Boa tarde.
Eis-me chegada de novo. Tenho saudades disto. Mas não vou perder tempo com discursos de "olá de novo" redobrados. Acho que, para grande vergonha minha, já o devo ter feito pelo menos três vezes contando com esta. Irei directa ao assunto.
Esta não é uma obra clássica; tão pouco é sobre os autores sobre os quais este blogue se tem debruçado (com excepção de Parménides de Eleia, do qual apresnetei "Da Natureza"). O facto é que, como decerto já nos teremos dado a pensar... já existia filosofia antes dos clássicos. Infelizmente o que chegou até nós dessa filosofia mais antiga (a filosofia dita como pré-socrática) traduz-se em pequenos fragmentos e por vezes até escritos e referências de outros filósofos posteriores, sendo que neste último caso torna-se muito complicado precisar o que é a informação original da que já veio ao longo dos séculos alterada ("quem conta um conto acrescenta um ponto"). Contudo acho interessante passar uma vista de olhos pelos primórdios da filosofia grega, uma filosofia que se revelará em muitos casos bastante mais teísta do que puramente razão.
Acho que foi um erro da minha parte ter começado as minhas leituras nesse assunto por este livro. Não que não seja bastante esclarecedor, mas... é bastante denso. A informação presente no livro, após um primeiro capítulo dedicado à cosmogonia filosófica grega, encontra-se dividida por filósofos, sendo que ao espaço reservado a cada um são-nos apresentados fragmentos de textos que lhes são emblemáticos e/ou fragmentos de outros textos escritos por autores posteriores (lá está, devido muitas vezes à falta de fontes directas). Esses fragmentos aparecem primeiro em grego, depois traduzidos e finalmente um texto explicativo do fragmento. Ou seja, este livro aposta na aprendizagem com base na leitura do texto do próprio filósofo, não apenas à semelhança de muitos manuais apresentando ideias na terceira pessoa. É isso, a meu ver, que o torna interessante, contudo como se deve calcular bastante mais complexo. Por isso não acho que seja, pela minha experiência pessoal pelo menos enquanto leitora, a melhor obra para nos iniciarmos sobre o assunto. Caso encontre alguma que considere mais adequada para leigos/amantes do assunto, far-vos-ei saber, uma vez que este é um livro que tem o objectivo de ser um manual universitário, segundo li mais tarde na contracapa. A não ser que se o que se estiver à procura for, claro está, de um livro especializado. 
Peço desculpa por este texto tão corrido e pela impessoalidade, de facto não é meu costume. Espero voltar mais logo visto que tenho uma pilha de livros destes últimos tempos para "textualizar" (até me dá medo pensar na tarefa) mas infelizmente os comboios não esperam. Ainda assim posso ir-me respirando de alívio por finalmente ter voltado a uma tarefa que me dá prazer.

Revejo-vos mais logo,
C.B.

Nota: caso estejais interessados e visto que não se encontra no texto acima o livro é da Fundação Calouste Gulbenkian e os seus autores são G.S. Kirk, J. E. Raven e M. Schofield.