quarta-feira, 20 de julho de 2011

CONTOS GREGOS

Olá! Boa noite!
A seguir às "Fábulas" de Esopo que não são propriamente de Esopo apresento outro livro leve para férias: "Contos gregos", versão de António Sérgio. 
Pelo que li estes "Contos gregos" não são de todo "Contos gregos", mas apenas um. A ver se me explico. A primeira história é, de facto, um conto grego bastante conhecido; contudo, as restantes são temas de mitologia geral ou da "Odisseia", ou seja, não são propriamente contos. Mas isso é um aparte. Indo ao que interessa: efectivamente, é uma leitura bastante interessante. O primeiro conto é simplesmente adorável (já conhecia, mas fiquei muito contente por finalmente o ter num livro) e fiquei a saber a história de Jasão que, perdoem-me a ignorância, nunca me tinha dado ao trabalho de saber na minha infância. Só tenho duas coisas negativas a apontar: a primeira é a maneira como as histórias são narradas. Sei que o objectivo daquela colecção é dar a conhecer algo ao povo e tem que ser acessível a todos, mas achei o vocabulário e as expressões demasiado... vulgares e deselegantes... para os temas em si. A segunda refere-se ao último "conto", que é uma história que acho simplesmente ridícula e inútil de apresentar. Não dá para especificar mais, seria necessário ler a história para perceberem o que digo.
Apesar de tudo, esta é apenas uma opinião e, salvo a última história que, se lerem, quase de certeza que concrdarão comigo, acho ser um livro leve para férias e bastante interessante. Para finalizar (e porque gosto tanto dessa história que tenho que partilhá-la convosco) termino com a minha narração pessoal do primeiro conto do livro, se já conhecem felizes de vós, se não conhecem vale a pena conhecer, a história de Filémon e Báucis.

FILÉMON E BÁUCIS (recontada por Gabriela de Sousa)

Um dia Zeus decidiu visitar a Terra. Vício de divindade absoluta, julgaram uns, cedo passar-lhe-á, afinal nunca se preocupou com os homens, achando-os criaturas inferiores, sem importância e que mais valeria dizimar até. Contudo, aquela teima era mais do que simples cisma, antes era a procura por uma prova de que valeria a pena dizimar aquelas pequenas criaturas desajeitadas de duas pernas e dois braços que germinavam por toda a Terra. Dizimá-los-ia sob o pretexto de acabar com a sua malvadez, pensava. E nisto Zeus começou a arquitectar a melhor forma de o fazer.
Hermes gostava dos humanos. Nada de pessoal, achava apenas uma criação bastante curiosa, afinal não os achava tão pouco inteligentes quanto isso e até tinham as suas peculiaridades que lhes davam interesse. Ofereceu-se, portanto, a ir com Zeus seu pai até à Terra. Contudo, impôs-lhe uma única condição. "Não dizimarás a humanidade", disse-lhe, "se encontrarmos pelo menos duas pessoas honestas." Zeus anuiu. Tomaram assim as suas formas humanas e desceram dos céus, indo embrenhar-se nas ruas confusas e sujas de uma cidade.
Hermes e Zeus vagueavam sem destino na cidade, disfarçados de rudes maltrapilhos sem terra, pois que assim seria mais fácil para Zeus determinar o carácter dos homens. E os seus pensamentos confirmaram-se: por cada casa em que entravam, por cada beco em que andavam, eram corridos quais cães vagabundos que não merecessem pisar o solo no qual caminhavam, como se poluíssem o ar que respiravam. Às tantas uma pedra voou e acertou num braço do deus Hermes, dando a entender que seria melhor saírem da cidade.
Saíram por entre vaias e urros. Sem olharem para trás, tanto Zeus como Hermes se meteram bosque adentro, não cuidando aonde iriam. Até que, ao fundo, avistaram uma casinha modesta. À porta estava um homem idoso que dava pelo nome Filémon acompanhado da sua velha mulher Báucis. Os deuses aproximaram-se. "Que quereis?" "Somos pobres andarilhos e necessitamos de um lugar onde descansar da viagem" "Entrem, meus amigos, entrem! Entrem se estais cansados da viagem!" Imediatamente puseram a mesa e colocaram todas as iguarias que havia na mesa. Báucis lavou os pés aos visitantes e cobriu-os com roupas novas, como se de reis se tratassem. Hermes e Zeus entreolharam-se, sorrindo. Afinal sempre havia almas benfazejas na Terra.
Por entre histórias e risos jantaram o pobre mas saboroso jantar preparado por Báucis naquela noite. Até que, como se Hermes continuasse com sede e pedisse mais leite, a velha senhora deu conta que já não havia mais que beber. Assim, muito triste, deu a notícia aos visitantes. "Meus senhores, peço desculpa, as já não há mais leite no cântaro." "Minha senhora, não sabemos, talvez ainda haja uma pequena gotinha que valha a pena beber." Para convencer os visitantes, Báucis inclinou o cântaro... e qual não foi o seu espanto quando dele jorrou leite que nunca mais acabava! "Filémon, Filémon! Estão deuses na nossa casa!" E prostraram-se aos pés de Zeus, que os mandou levantar, dizendo "Sim, somos deuses, Zeus e Hermes que, numa visita à Terra, não encontrámos ninguém de valor até chegarmos à vossa humilde casa. Provaram que a humanidade pode ainda ser prestável, humilde e boa e, como presente, dou-vos o direito de me pedirdes um desejo." Filémon e Báucis entreolharam-se: ambos sabiam o que lhes apoquentava o coração fazia muito tempo. Assim, Filémon tomou a palavra. "Rei dos deuses, nada mais te pedimos a não ser que nenhum de nós morra antes do outro. Pedimos-te, por favor, para que morramos no mesmo dia e não tenhamos que sofrer da ausência." "Assim será." proclamaram os deuses e desapareceram...
... Muitos anos se passaram desde a visita de Hermes e Zeus à Terra. E uma tarde, igual àquela tarde em que apareceram os dois viajantes, estando Filémon e Báucis abraçados no banco à entrada da modesta casa, sentiram que subitamente os seus corpos mudavam, que as suas pernas se tornavam raízes e os braços, ramos. Olharam-se, assim, uma última vez. "Filémon!" "Báucis!" "Adeus!" "Adeus..."...
Hoje, quem dá com a velha casinha modesta dos velhos Filémon e Báucis, pode ver duas grandes árvores verdes e frescas à porta. A sua sombra ainda hoje abriga do Sol aqueles que passam e o roçar das suas folhas, embaladas pelo vento que passa, ainda dão a impressão de dizer "Entrem, meus amigos, entrem! Entrem se estais cansados da viagem..."...

2 comentários:

Anónimo disse...

Vou usar seu texto em um trabalho, adorei a história!
Gabriela Carvalho

Filipa Melo disse...

Deviam por as outras histórias, especificamente a história dos argonautas, pois não a encontro em outro site nenhum! por exemplo, tentem fazer um resumo :)