sexta-feira, 28 de outubro de 2011

OS PERSAS, por Ésquilo

Três meses se passaram... meu Deus...
Confesso ter estado ausente durante muito tempo; seja porque nas férias não tive propriamente internet, depois quando voltei era o início das aulas e tinha que me organizar... e agora que tudo estabilizou é que vejo como o tempo passou...
Como regresso ao mundo da blogosfera apresento a tragédia "Os Persas" de Ésquilo que, por acaso, já li em Julho mas nunca apresentei, o que é sempre bom, não é... Para mais, devo estar bastante enferrujada, por isso peço desculpa se não me sair tão bem.
Tal como é costume das tragédias de Ésquilo, o importante não é a acção, mas o pathos despoletado pela situação. Seguindo esse preceito, toda esta tragédia não é mais que um lamento fúnebre de Xerxes, rei da Pérsia, ante a derrota dos persas contra os atenienses na batalha de Salamina. O efeito trágico é dado por vários elementos, a começar com o mau presságio sonhado pela rainha e que se cumpre na realidade, seguido do regresso do mensageiro com a notícia da derrota, os lamentos de Xerxes vencido e até à materialização do fantasma de Dário, pai de Xerxes, que torna ao mundo dos vivos para partilhar do desgosto. Todo este seguimento dramático é acompanhado por um coro agonizante que acentua a dor das personagens. A título de curiosidade, sabe-se o próprio Péricles (sim, o grande estadista) era um dos coregos.
"Os Persas" não são uma peça para ser lida, mas mais sentida. Não há acção, apenas emoção; e nela Ésquilo consegue misturar com mestria os sentimentos de tristeza e piedade, de agonia e de desespero, apesar de, a meu ver, a peça ter mais o intento de enaltecimento da nação grega do que propriamente a compaixão ante o povo inimigo vencido (a ver os elogios que a personagem de Xerxes tece aos soldados atenienses)... Basicamente, por muito antagónico que pareça, apesar dos sentimentos de tristeza há uma mistura com sentimentos de orgulho e regozijo ateniense ante os perdedores... Sim, talvez seja um pouco hipócrita; mas enfim, talvez não nos seja uma hipocrisia que, mesmo nos dias de hoje, nos seja desconhecida de todo...
 
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