segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

FILOCTETES, por Sófocles

No fundo, pensando bem, há já muito tempo que não lia nada de Sófocles. A última tragédia que tinha lido foi "Os Persas" de Ésquilo e mesmo essa já tinha sido há algum tempo... Pelo que decidi aventurar-me a desembolsar algum e trouxe o livro que hoje apresento, "Filoctetes, de Sófocles.
Nesta tragédia conta-se do desembarque de Ulisses na costa de Lemnos com o objectivo de aprisionar o antigo guerreiro Filoctetes, repudiado pelos seus companheiros dez anos devido às suas chagas que o tornavam inválido, para poder beneficiar da utilização das suas armas mágicas na guerra de Tróia. Para isso faz uso de um dos seus soldados, Neoptólemo, um jovem ansioso por ser conhecido por grandes façanhas e incita-o a mentir e a ser ele a trair e aprisionar Filoctetes, prometendo-lhe glória e fama. Neoptólemo aceita, seduzido pelo prémio.
Esta é uma tragédia em que Ulisses, que normalmente é tido como um herói, passa a mostrar a sua vileza através do uso da inteligência e manha para maus fins; Filoctetes é a denúncia do trato ateniense dado aos menos capazes; e Neoptólemo, por seu turno, é o jovem inexperiente e, no fundo, inocente, que ainda não sabe a qual dos senhores há-de servir, se a gloria material conseguida por um caminho fácil (mentira), se a glória espiritual pela prática de um caminho mais doloroso (verdade). No fundo, Neoptólemo surge como a Humanidade condensada num só Homem...

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