segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

VIDAS DE GRANDES FILÓSOFOS

Boa tarde!
Porque a Filosofia faz os homens e os homens fazem a Filosofia (por homens refiro-me a ambos os géneros, claro... não sejamos picuinhas, também dizemos simplesmente "os pássaros" e não os pássaros-machos e os pássaros-fêmeas) expõe o presente livro as biografias de alguns dos mais importantes filósofos da História da Filosofia. São eles, passo a citar: Platão, Aristóteles, Epicuro, Marco Aurélio, Tomás de Aquino, Bacon, Descartes, Spinoza, Locke, Hume, Voltaire, Kant, Hegel, Emerson, Schopenhauer, Spencer, Nietzsche, William James, Bergson e Santayana. Este livro reencontrei-o enquanto fazia uma arrumação às estantes em minha casa: velhinho, num recanto bafiento de uma das estantes desarrumadas e de folhas amarelecidas pelo tempo, foi-me oferecido na altura para meu espanto pelo meu avô paterno quando era eu ainda criança conjuntamente com um livro-irmão sobre compositores ("Quando eu era não muito mais velho que tu interessei-me desde então por três coisas: Música, Política e Filosofia. Como gostas de ler pode ser que um dia também venhas a gostar destas coisas da Filosofia também. Toma, ofeceço-to."). Na altura recebi o livro como sempre recebi todos os livros: como se me tivesse recebido o presente mais espectacular que se pode oferecer a alguém. Mas na minha infância eu não conhecia nada que fosse mais espectacular que partituras ou livros e ter-se-á que desculpar-me esta falta de variedade... Li-o de um sorvo como apenas sabia fazer e fascinei-me com as histórias, ainda por cima reais, que contava. De facto o livro está escrito num estilo tão lírico que aquelas personagens fascinantes pareciam bailar diante dos meus olhos e talvez seja mais isso que torna este livro tão especial. Mais que um discurso técnico, o texto deste livro é humano, tal como o tema a que se destina. 
Não sei se existem versões recentes deste livro ou se acaso o terão os alfarrabistas. Nem sei de que ano é o meu exemplar. Sei sim que os livros moldam as pessoas e, com eles, o conhecimento. Nunca o acto de conhecer foi, vez alguma, inútil. A semana passada dei por mim a comprar uma antologia de canto gregoriano e perguntei-me por breves instantes de que maneira me iria beneficiar ensaiar as minhas cordas vocais em música religiosa medieval. Contudo cedo afastei esse pensamento: efectivamente acredito que todo o conhecimento, por mais que se pregue o contrário, é útil em qualquer tipo de vida. Pode não o vir a ser directamente como quando entramos para a faculdade e adquirimos (a maior parte das vezes) conhecimento que é susposto ser aplicável na vida prática. Infelizmente o que as universidades têm de bom também tem a sua outra-face e o que as universidades muitas vezes não nos ensinam é que o conhecimento de valor para nós não é apenas aquele que nos (aparentemente) útil à pequena fracção de ciência (seja ela humana, linguística, musical, artística ou matemática) a que escolhemos dedicar-nos espera-se que o resto da vida. Vivemos numa sociedade de tecnocratas que preza, confessemos, o lucro económico social e pessoal em detrimento de uma infinidade de lucros que também, esquece-se, poderiam ser úteis até mesmo para esse fim, se o quisermos. Ensinam-nos que temos que chegar a uma meta e para isso ensinam-nos a caminhar; mas não nos ensinam a ter atenção a outros meios de transporte que não os pés. Esses meios de transporte são o conhecimento que é útil indirectamente: um meio de transporte não se desloca por si só. É preciso um homem que o faça mover. Da mesma forma também todo e qualquer tipo de conhecimento pode, a dada altur ou até mesmo sempre, ajudar-nos a atingir as nossas metas indirectamente. Desde que para isso peguemos no volante e o conduzamos nessa direcção. 
Da condução da nossa vida, de todas as nossas vidas individuais, depende também a condução do mundo. Idealmente não precisamos de uma paz armada para garantir a felicidade e os direitos no mundo: o conceito de "paz na guerra" é um oxímoro demasiado ambivalente para ser exequível. Só a globalização do conhecimento em toda a sua extensão e com todas as suas consequências na formação dos indivíduos poderá um dia construir uma verdadeira sociedade feliz e justa; não tanto sofocracia da República apresentada por Platão em que os sábios governam os restantes, mas em que o sábio será uma realidade presente em todos os indivíduos e não apenas em alguns. Só o conhecimento pode livrar genuinamente o mundo dos seus males; e porque ao contrário do que nos fazem acreditar, nem mesmo a religião, quantas vezes usada como bode expiatório para justificar os actos não por fé mas por falta dela nos homens, é advessa à razão e ao conhecimento, passo a citar um dos hadith de uma religião tão incompreendida como o Islão : "procura o conhecimento, desde o berço à sepultura". E até essa é incompreendida, muitas vezes quer por quem o segue como por quem o julga, por falta dele.
Atrevamo-nos a conhecer sem calculismo: sem pesar os ganhos com as perdas (que no final não existem) e ousar colocar uma percentagem de viabilidade no conhecimento. Convertermo-nos ao conhecimento é convertermo-nos à verdadeira natureza humana. Acredito que a missão do ser humano neste mundo seja conhecer, esoterismos à parte. Porque só conhecendo se pode ver e conhecer para além das barreiras do senso-comum e da apreensão de ideias imediatas. Conhecendo se conhece; e quem conhece louva em si todas as maravilhas do Mundo...



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