terça-feira, 31 de maio de 2011

FEDRO, por Platão

"No diálogo 'Fedro', Platão expõe filosoficamente (através dos seus intervenientes, Fedro e Sócrates) a relação entre a palavra e o pensamento." Isto nos diz a capa deste livro, que é a primeira tradução portuguesa deste diálogo platónico sem deixar de ter atingido já a sexta edição.
Tudo começa quando Fedro, amigo de Sócrates, regressava da casa de Lísias (mestre da retórica e sofista que mais tarde ajudaria a condenar Sócrates ao envenenamento por cicuta) depois de este lhe ter oferecido um documento escrito no qual defende que se deve amar que não ama e não quem ama. Sócrates, curioso, interpela-o a ler o discurso de Lísias, procedendo depois à análise do mesmo. É de notar a habilidade de Sócrates em defender a teoria de Lísias e em contrapô-la, mostrando-se capaz de ver os dois lados da mesma questão. O diálogo termina com uma dissertação sobre a arte da retórica.
Dos diálogos de Platão que já li, este pareceu-me o mais acessível (ou já terei mais facilidade devido à força do hábito?). Seja como for, acho este diálogo de extrema importância para aqueles que pretenderem destacar-se na arte de bem falar, na medida em que é um documento vivo e intemporal que demonstra práticas retóricas que ainda hoje são leccionadas. É de leitura leve ao contrário do diálogo que apresentei anteriormente ("A República") graças ao seu estilo impessoal, sem deixar-se nunca perder a seriedade no tratamento dos assuntos e na sua redacção sendo, portanto, mais uma boa aposta para o leque de documentos platónicos traduzidos em português.

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