quarta-feira, 1 de junho de 2011

A ARTE DE VIVER, por Epicteto

Antes de mais peço desculpa, mas hoje não estou propriamente com inspiração para escrever o que quer que seja; contudo, tentarei fazê-lo dentro das minhas possibilidades.
Devo dizer que achei a formação de Epicteto bastante curiosa. Epicteto era filho de uma escrava sendo, portanto, um escravo (o que conferia estatuto social era o estatuto da mãe) que acabou por se tornar num filósofo de renome em todo o Império Romano. Foi servo de Epafrodito, um secretário do imperador Nero, que o torturava cruelmente, chegando a deixá-lo coxo para o resto da vida. A título de curiosidade, o seu nome, Epicteto (em latim Epiktetus) significa "comprado" e foi-lhe dado pelo seu amo assim que o adquiriu no mercado de escravos. Nunca se soube o seu nome verdadeiro. Apesar da sua condição servil, devido ao facto de trabalhar na corte do imperador e visto que este gostava de se fazer acompanhar de intelectuais pois o mesmo se julgava um intelectual, Epicteto travou conhecimento e teve lições com filósofos reconhecidos, que lhe ensinaram uma outra realidade para além da jaula de ouro em que este vivia. Finalmente conhecedor do ideal de liberdade acabou por procurar ele mesmo o aprofundamento das suas ideias e apresentá-lo aos que podia, começando a ganhar a fama de filósofo. Este título valeu-lhe a sua expulsão do Império Romano pelo imperador Diocleciano que entretanto tinha ascendido ao trono. A Filosofia fora a sua chave para a Liberdade. Durante o resto da sua vida foi procurado e consultado por inúmeros intelectuais que o tomavam como mestre. Tinha como modelo o filósofo Sócrates. Homem de espírito aberto e generoso conhecido por aqueles que o rodeavam, chegou mesmo a casar já idoso com uma mulher jovem, simplesmente para a ajudar a criar o filho (todos sabemos quão duras eram as leis para com as mulheres naquela altura).
O objectivo deste livro é o de ensinar um caminho simples para a felicidade, propondo formas de viver a vida baseadas na ataraxia (paz de espírito) e apatheia (tranquilidade). Este pequeno grande livro (consta de cinquenta e dois "mandamentos") deteve o reconhecimento geral ao longo da História, chegando mesmo a ser adoptado aos valores de vida cristãos e a ser, no século III, apelidado de "manual", tal foi a sua popularidade.
Em relação a este livro dou o mesmo parecer que dei para a "Carta sobre a Felicidade": creio ser de leitura indispensável, tal foi a sua actualidade ao longo da História. Para Epicteto, viver bem resume-se tão somente a "saber viver"; isto porque viver também é uma arte. 
Possa a filosofia deste livro "libertar" os seus leitores", da mesma forma que libertou o seu autor.

1 comentário:

Anónimo disse...

Continuo a perguntar se não haverá alguém que aprecie o que há de bom na nossa juventude.