quinta-feira, 9 de junho de 2011

A MITOLOGIA GREGA, por Pierre Grimal

Desde sempre o Homem sentiu necessidade de explicar as origens da realidade que o rodeia, criando mitos e, por conseguinte, a sua própria mitologia. A mitologia pode tomar várias vertentes. Há culturas que possuem uma mitologia baseada no homem heróico, como é o caso da mitologia celta e do homem com força sobre-huma Chuchulainn, equiparável ao Héracles grego; outras apostam numa vertente mais espiritual, como a mitologia indiana, sendo que os homens são deuses encarnados. Contudo, o espantoso da mitologia grega é o facto de conseguir reunir tanto o carácter humano como espiritual, com aventuras de deuses que passaram por privaçõe semelhantes às humanas e humanos que chegaram a alcançar a deificação.
Acho importante, após ter apresentado todas as obras anteriores, recomendar um livro de mitologia grega da mesma forma que já recomendei livros de arte; isto porque para percebermos um pensamento ou uma cultura temos que perceber o seu contexto. Para mais, em inúmeras obras de escritores greco-latinos aparecem com frequência referências a episódios mitológicos como alegoria a situações e convém que estejamos minimamente informados a fim de percebermos grande parte das mensagens contidas nos texos. O estudo da mitologia também é importante para a compreensão de determinadas atitudes de uma população, pois quase sempre têm fundos religiosos (e que diremos nós das nossas atitudes também baseadas nos fundamentos do Cristianismo?)
Obviamente que um mito tem precisamente essa designação porque não é de todo real; contudo, acredito que tenha sempre um fundamento real. Se lermos, para além da mitologia grega, leituras referentes a outras mitologias, encontraremos decerto episódios semelhantes com personagens diferentes, inclusive na própria Bíblia (por exemplo, já li a história do dilúvio pelo menos em quatro mitologias mais a Bíblia cristã). Assim, compreender a mitologia de outros povos acaba por ser compreender em parte das nossas crenças e dar-nos um espírito mais aberto e crítico num assunto tão controverso quanto o da religião. 

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