quarta-feira, 29 de junho de 2011

FÁBULAS, por Esopo

Hoje tenho um pequeno presentinho como sugestão de leitura.
Sei que todos já leram o título, pelo que creio que já perceberam do que se trata. Exactamente, um momento de retorno à infância com algumas das histórias que nos contavam já em crianças: as fábulas de Esopo. E o que é uma fábula? Nada mais é que uma narração curta na qual as personagens são animais que possuem características humanas e que possuem quase sempre uma moral. Claro está que isto de "fábulas de Esopo" é uma designação errada; enganaram-nos aqueles que nos disseram que este senhor foi o autor de muitas das fábulas que nos contaram. Na verdade, foi apenas o seu colector, sendo que as histórias eram de civilizações tão díspares como sendo o Antigo Egipto, a Antiga Grécia e mesmo de origem asiática.
Mas quem foi este Esopo? Um mero escravo de Idamon, um cidadão grego que, após a sua libertação, foi viver para a corte do rei Creso onde entrou em contacto com vários sábios, entre os quais Sólon, que tinha um primo, Pisístrato, que era um tirano governador de Atenas. Como é óbvio, cedo o ardor democrático grego se insurgiu contra a tirania e os atenienses teriam deposto Pisístrato, não fora a interferência de Esopo que convenceu os atenienses a manterem o governante contando uma simples fábula: "As rãs que queriam ter um rei". Contudo, esta fábula foi tão convincente, bem como a maneira como foi narrada, que os atenienses logo esqueceram a democracia e voltaram a subjugar-se à tirania do governante. Mais tarde Esopo teria uma morte violenta, sendo atirado de um penhasco pelo povo de Delfos. Desconhece-se a razão desta fúria popular: uns dizem que foi o seu sarcasmo que enfureceu o povo; outros que tinha roubado uma taça de prata; e ainda há os que dizem que se apropriou de dinheiros que o rei Creso lhe confiara. Seja como for, do ponto de vista pessoal e pelo que li das Fábulas, creio que o motivo da sua execução foi a ideologia de Esopo: efectivamente, poderemos nós considerar bom um homem que subjuga um povo à tirania e que a apoia? Para mais, se há a hipótese de ter andado a roubar seja de quem fosse a adicionar à característica de apoiante da ditadura, meus caros, com todo o respeito que tenho pelo homem, mas não devia ser propriamente uma jóia de pessoa... Mas isto é só o que eu julgo, sabe-se lá o que teria feito de desagradável para levar o povo à fúria...
Neste livro estão reunidas as cem mais famosas fábulas de Esopo (que não são de todo de Esopo, como já referi acima). Muitas das fábulas presentes já as tinha ouvido na minha infância, nunca por Esopo, mas sim por La Fontaine, que muito bem as reescreveu em verso. Uma característica deste livro (que tanto pode ser boa como má) é o facto de no fim de cada fábula vir um parágrafo a explicitar a moral da história. É assim, acho bem que se apoiem os espíritos mais confusos na interpretação de alegorias (porque as fábulas são isso mesmo); contudo, também acredito que cada pessoa encontra a sua própria moral mediante as suas experiências de vida e, portanto, não nos deve ser imposta uma moral universal. Aliás, para ser sincera, eu não concordei com a maior parte das morais que li e sugeriria outras, mas lá está, cada qual mediante as suas experiências e a sua sensibilidade fica pontos diferentes da mesma história e, portanto, conclusões diferentes. Contudo, não deixa de ser interessante ouvir a opinião moralista expressa no livro e comparar com a nossa, acaba por ser um exercício bastante interessante para estas férias.
Uma última coisa: peço desculpa se não encontrarem a edição destas Fábulas apesar da capa que apresento: com efeito, comprei este livro num alfarrabista no Porto e quase de certeza que a versão ou a edição já serão diferentes; aliás, durante um tempo vou passar a ir a alfarrabistas, os livros acabam por se tornar dispendiosos, pelo que devem deixar de se fiar na capa que apresento a ilustrar as apresentações.
Assim, fica a sugestão de um bom livro para férias, divertido, leve e, ao mesmo tempo, intelectual. Se ainda não está em férias, coragem, que não deve faltar muito. Felizmente as minhas começaram esta semana e posso gozar o descanso merecido após o meu primeiro ano de faculdade... eu, pelo menos... Já a cabeça e o  blogue não tiram férias nunca!
Boas férias para todos!
(já agora, passem pelos anexos, que acrescentei um vídeo referente a esta apresentação)

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