sábado, 11 de junho de 2011

FÉDON, por Platão

"O diálogo sobre o dia da morte de Sócrates versa a alegria de um homem justo perante a morte e constitui o tema deste escrito fundamental de Platão acerca da Imortalidade da Alma." Sem dúvida uma obra a ler após as leituras da "Apologia de Sócrates" (defesa de Sócrates em tribunal ateniense) e "Críton" (tentativa de persuasão do discípulo Críton para que Sócrates fugisse da prisão) segue-se "Fédon", na qual a acção passa-se já após a execução de Sócrates com cicuta. Todo o texto é uma narração muitas vezes em discurso indirecto que o discípulo Fédon (que também esteve presente no dia da execução) faz a Equécrates que, sabendo um mês depois a morte do sábio, pede que alguém lhe conte o que se passara nos derradeiros momentos antes da execução.
Na descrição da execução propriamente dita estão presentes Sócrates, Fédon, Apolodoro, Cebes, Símias e Críton. Para os descansar do seu pranto, Sócrates mostra-se calmo e sorridente e inicia um debate com eles sobre os motivos que o levam a ir em paz e pelos quais não devem chorar, sendo um deles a imortalidade da alma. Não convencidos de algo que até nos dias de hoje não está comprovado, os discípulos não conseguem animar-se e contestam Sócrates, dizendo que a sua crença é a de um louco e que nem parecia dele, por ser tão pouco razoável. Assim, inicia-se um debate no qual Sócrates, fazendo apenas uso da razão e da lógica, comprova aos discípulos que a alma é transcendente ao corpo, sendo por isso imortal e chega ao ponto de tentar comprovar racionalmente que há uma vida além morte junto dos deuses.
A quem leia este livro advirto que não leia segundo os seus olhos ou crenças ou se exalte e o proclame como livro a ser evitado pela possibilidade de corromper crenças. Afianço que, de facto, os argumentos expostos por Sócrates têm lógica, contudo todos com base em ideias pré-estabelecidas pela sociedade e com as nossas crenças também acontece o mesmo: argumentamos com lógica mas a partir de dogmas ou ideias que nos foram implementadas pela educação. Faço esta advertência porque sei o quão perigosa pode ser a discussão de assuntos desta espécie e lembro que o que está em causa não é se Sócrates estará ou não correcto, mas sim a clareza do discurso e uma nova opinião... e novas opiniões contribuem sempre para espíritos mais abertos quando bem recebidas.

1 comentário:

Anónimo disse...

continua, espectacular!!!