quinta-feira, 16 de junho de 2011

MEDEIA, por Eurípides

Já passou, de facto, algum tempo desde que apresentei a última obra dramática ("Antígona", se bem me lembro). Hoje reavivarei o autor Eurípides com a apresentação de uma das suas obras mais conhecidas e que influenciaram diversos autores ao longo dos tempos: "Medeia".
Esta tragédia narra a história da feiticeira Medeia, sobrinha de Circe e filha do rei Aetes, que abandona o seu reino e mata o seu próprio irmão para seguir Jasão de volta para Corinto, após o ter ajudado a conseguir o velocino de ouro com a sua magia. Uma vez lá casam-se e têm dois filhos. Contudo, a felicidade de Medeia é de pouca dura: Jasão não tardou em rechaçar Medeia para se casar com a filha do rei de Corinto sob o pretexto de, com isso, conseguir honra e glória, não se importando sequer em exilá-la a ela e aos seus dois filhos de Corinto. Medeia, ultrajada e sem ter para onde ir (uma vez que se tornara divorciada, na altura condição humilhante para uma mulher, expulsa da terra do marido, com dois filhos e sem poder regressar ao seu reino, que traiu) arquitecta uma vingança graças às suas magias que firam o coração de Jasão e o arrastem de volta para uma vida inglória, da qual nunca teria saído se não fora ela.
Mais uma vez, numa tragédia de Eurípides, damo-nos conta que não há uma personagem inteiramente boa nem inteiramente má: apenas humanidade. Se inicialmente nos condoemos e revoltamos contra Jasão pela sua má conduta, no final o seu sofrimento e a maldade de Medeia fazem-nos ficar indecisos sobre que partido tomar; e damo-nos conta que talvez nenhum tenha estado certo. Nas tragédias de Eurípides é impossível tomar partidos que possamos afirmar como justos. Outro ponto importante e que chama logo a atenção do leitor, quer pelas acções, quer pelo próprio discurso de Medeia, é um enaltecimento da figura feminina, pois a mesma é culta, desmente o velho mito de que as mulheres não têm motivos de queixa por estarem sempre na segurança da casa e de serem capazes de conseguir ardis mais violentos que os homens para compensar a sua falta de força física.
A tragédia "Medeia" é, sem dúvida, um clássico: imensos autores ao longo da História da literatura e mesmo do cinema se empenharam em recriar a lenda desta mulher tão cheia de bem e de mal, com uma faceta boa e diabólica ao mesmo tempo. Contudo a obra de Eurípides é a primeira de uma série de tragédias do mesmo assunto a ser escrita posteriormente, sendo, por isso, a obra original e primeira a retratar o episódio da vida desta mulher, tão doce como o Paraíso e tão áspera como o Inferno.

6 comentários:

Anónimo disse...

Genial a forma como resume um livro tão complicado

Anónimo disse...

parabéns por este texto.

Anónimo disse...

meus parabéns!

Anónimo disse...

Menina que fazes na vida? que sonhos? que projectos? tens tanto para nos ensinar... continua

Anónimo disse...

Que grandiosidade na interpretação e na escrita!

Anónimo disse...

Parabéns! bom trabalho!